Farmacêutica abre programação com palestra sobre segurança na cadeia medicamentosa
A Semana da Enfermagem 2024 começou nesta segunda-feira (13), com a farmacêutica e coordenadora da Farmácia do ICS, Any Caroline Fernandes.
Ela falou sobre a terceira Meta Internacional de Segurança do Paciente, “Segurança na Cadeia Medicamentosa”. Essas metas são nove diretrizes estabelecidas em 2004 pela Joint Comission International (JCI), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). As demais são: identificação do paciente; comunicação efetiva; cirurgia segura; higienização das mãos e prevenção de quedas e lesão por pressão.
A farmacêutica iniciou a apresentação mencionando o Ciclo da Assistência Farmacêutica, as ações que norteiam a atividade no serviço público, e que envolvem o gerenciamento, financiamento, recursos humanos, sistema de informações e controle e avaliação. E que vêm a ser: seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e utilização (prescrição, dispensação e uso).
Na sequência, Any definiu a Segurança na Cadeia Medicamentosa: “São as medidas que devem ser tomadas para diminuir os eventos relacionados a medicamentos de alta vigilância, que incluem a segurança no armazenamento, distribuição, prescrição e administração dos remédios”.
Antes de prosseguir, enumerou os medicamentos de alta vigilância – também chamados de medicamentos de alto risco: “São aqueles remédios que, se forem administrados da forma errada, podem causar efeitos adversos graves, podendo inclusive levar a óbito”, sublinhou.
São eles: eletrólitos de alta concentração, insulinas, anticoagulantes orais e heparinas, água de injeção de grande volume, sedativos e anestésicos e bloqueadores neuromusculares. “Todos esses devem ter a dispensação e a administração checados por pelo menos duas pessoas”, destacou a farmacêutica.
Any também falou a cultura do erro e da culpa que acomete os farmacêuticos e outros profissionais de saúde: “Muita gente propaga a ideia de que o profissional de saúde sabe tudo e nunca erra. Ou seja, nos encara como super-heróis. E esse grau de exigência e de expectativa leva ao círculo vicioso do erro e da culpa: a expectativa faz o profissional ter vergonha de perguntar, que resulta no erro, depois na sua negação, que por sua vez gera uma comunicação violenta, que estimula um ambiente estressante, que inibe as perguntas”.
Em seguida a farmacêutica citou o efeito dominó do erro, repaginado no “Modelo Queijo Suíço de James Reason”: o erro na prescrição médica (de via, dose, frequência ou medicação) leva ao erro na dispensação (no envio do medicamento da farmácia para a enfermaria), que por sua vez acarreta no erro de armazenamento (medicamentos parecidos guardados juntos) e no erro na administração (distração, não observância dos “9 certos da administração segura”).
E acrescentou: “Os ‘nove certos’ são: paciente certo (nome e data de nascimento); medicamento certo (rótulo igual à prescrição); via certa (via de administração igual à prescrita e ao rótulo); hora certa (prescrição e prontuário); dose certa (prescrição igual ao rótulo, diluição correta); registro certo (prescrição e prontuário, para prevenir alergias); orientação certa (indicação e informação ao paciente); forma certa (prescrição e adequação); resposta certa (monitoramento da ação e eventos adversos)”.
Any encerrou a palestra com algumas dicas para aumentar a segurança na cadeia medicamentosa: “Não existe dúvida tola. Em caso de dúvida, não administre. E questione prescrições vagas ou sem informação. Atente para a dupla checagem na dispensação e na administração de medicamentos de alto risco. O ambiente de saúde já é estressante, pratique a comunicação não violenta. Por fim, o paciente é a última barreira. Ele precisa estar informado, pode e deve nos questionar”, resumiu.
A Semana da Enfermagem prossegue na quarta-feira (15), às 10h, com a palestra da terapeuta integrativa Pollyana Rocio, que vai falar sobre “Autoconhecimento e Empatia no Ambiente de Trabalho”.